Mistérios ancestrais - Os Incas
- Alexandre Menphis
- 8 de mai.
- 5 min de leitura
Atualizado: 9 de mai.
1-Desvendando os Mistérios Incas: Uma Jornada entre a Mitologia e as Páginas de Kulkucaia e Moara

Parte 1: A Cosmovisão Inca
Se você se aventurou pelas páginas de "Kulkucaia, a bruxa" ou se emocionou com a saga de "Moara, a princesa dos Incas", talvez tenha sentido a força ancestral que emana de suas narrativas. Essa força, meus caros leitores, tem raízes profundas na rica e complexa mitologia dos povos originários de nossa amada América do Sul: um universo de deuses poderosos, mundos interconectados e lendas fascinantes.
Com esta série, "Mistérios ancestrais", convido vocês a uma jornada que transcende as páginas dos meus livros, explorando os mitos e as crenças que moldaram essas culturas.
Nossa primeira viagem será pelos mistérios da civilização inca, que, de maneira sutil ou explícita, muito influenciou a trama de Kulkucaia e Moara..

Quem foram os incas?
Os incas foram uma das civilizações mais fascinantes da América pré-colombiana. Originários da região de Cusco, no atual Peru, eles construíram um vasto império que se estendia por grande parte da Cordilheira dos Andes, abrangendo territórios do Peru, Bolívia, Equador, Colômbia, Chile e Argentina.
Principais características do Império Inca:
Origens: A civilização Inca surgiu nas terras altas do Peru por volta do início do século XIII. Lendas narram a história de Manco Cápac e Mama Ocllo emergindo do Lago Titicaca para fundar Cusco.
Expansão: A partir de Cusco, os Incas expandiram seu território através de conquistas militares e assimilação pacífica, especialmente sob o comando de líderes como Pachacuti Inca Yupanqui e Túpac Inca Yupanqui.
Governo Centralizado: O império era altamente centralizado, governado pelo Sapa Inca (o imperador), considerado o "filho do sol". Uma complexa burocracia e uma extensa rede de estradas e comunicação (através de corredores e quipus) permitiam o controle sobre o vasto território.
Engenharia e Arquitetura: Os Incas foram notáveis engenheiros e arquitetos, construindo impressionantes cidades, templos, estradas e sistemas de irrigação em terrenos montanhosos, como a famosa cidadela de Machu Picchu. Suas construções em pedra eram precisas e resistentes a terremotos.
Agricultura: Desenvolveram técnicas avançadas de agricultura em terraços nas encostas dos Andes, cultivando uma variedade de culturas como milho, batata e quinoa.
Religião: Sua religião era politeísta, com o deus sol Inti como a divindade principal. Também reverenciavam a natureza (montanhas, água) e a Pachamama (Mãe Terra).
Cultura: Apesar de não possuírem um sistema de escrita alfabético, desenvolveram o quipu, um sistema de nós em cordas coloridas para registrar informações numéricas e talvez até narrativas. Sua arte têxtil, cerâmica e ourivesaria eram altamente desenvolvidas.
Declínio: o império entrou em declínio após a chegada dos espanhóis liderados por Francisco Pizarro em 1532, que aproveitaram conflitos internos e doenças para conquistar a civilização.
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A Mitologia Inca
Para iniciarmos nossa jornada a esse mundo místico, é fundamental compreendermos a cosmovisão inca, a forma como esse povo ancestral enxergava a estrutura do universo. Para os Incas, o cosmos era tripartite, dividido em três planos existenciais distintos, porém intrinsecamente ligados:
Hanan Pacha (O Mundo Superior): Este era o reino celestial, habitado pelas divindades supremas. Inti, o deus Sol, fonte de luz e vida, reinava no Hanan Pacha, assim como Mama Quilla, a deusa Lua, sua esposa e irmã, protetora das mulheres e do tempo. Viracocha, o deus criador, a força primordial que deu origem a tudo, também residia neste plano superior. O Hanan Pacha representava a ordem, a luz e o poder divino.
Kay Pacha (O Mundo do Meio): Este é o mundo tangível, o plano da existência terrena onde a vida humana, animal e vegetal se desenvolve. É o palco das nossas experiências, dos desafios e das interações com a natureza e com os espíritos que habitam a terra. Montanhas sagradas (apus), rios e outros elementos naturais eram considerados importantes no Kay Pacha, muitas vezes associados a divindades menores ou espíritos ancestrais.
Uku Pacha (O Mundo Inferior): Longe de ser um lugar de tormento como em outras mitologias, o Uku Pacha era o mundo subterrâneo, o lar dos ancestrais e a fonte da fertilidade. Era associado às raízes da vida, ao potencial germinativo da terra e, de certa forma, à continuidade da existência através das gerações. Embora "inferior" em termos de localização, o Uku Pacha era vital para o ciclo da vida e da morte.
A Trilogia Sagrada Inca: Condor, Puma e a Serpente.
Para os incas, os três animais eram sagrados e representavam a Cosmovisão:
O condor – pássaro sagrado que faz a comunicação entre o Mundo superior e o Mundo terreno;
O Puma: símbolo de força, sabedoria, inteligência e poder. Representa o mundo dos vivos.
A serpente (Amarú na língua quéchua): representa o mundo subterrâneo, ou o mundo dos mortos. Quando as pessoas deixam o mundo terrestre ou dos vivos, elas vão para essa dimensão, a terra dos ancestrais representada pela serpente.
Conexões entre o livro "Kulkucaia, a bruxa" e a civilização Inca:
Os livros da série "O Mundo dos Encantados e As bruxas de Orokaba", como mencionados anteriormente, estão conectados às tradições e mitologia incas.
Grande parte da história no livro "Kulkucaia, a bruxa" se desenrola durante o apogeu do Império Inca. A bruxa Kulkucaia reside em uma caverna próxima à região do Rio Vilcamaya, com seus companheiros: o bruxo morto-vivo chamado Anhangá-Açu e dois anões que ela reviveu do mundo dos mortos (Uku Pacha) através de sua magia.
Os deuses e entidades que a bruxa e seu companheiro evocam em seus rituais são de origem indígena, algumas do panteão incaico, como Supay, Pachacamac, Mama Quilla…
É interessante observarmos os conceitos de bem e mal na mitologia dos povos ancestrais sul-americanos. As entidades consideradas trevosas são muitas vezes de natureza ambígua, propensas a atitudes más ou boas, conforme seus próprios interesses. Isso as difere dos demônios do conceito cristão. Uku Pacha, o reino subterrâneo, também não pode ser considerado um inferno. Esses conceitos foram trazidos pelo europeu conquistador.
Conexões entre o livro "Moara, a Princesa dos Incas" e a civilização Inca:
Moara como Princesa: A própria premissa do livro, com Moara sendo uma princesa Inca, estabelece uma ligação direta com a nobreza e a estrutura de poder do Império Inca (Tawantinsuyu). Seu título carrega consigo o peso da história e as expectativas de seu povo.
Memórias de Cusco e Vilcabamba: As menções a Cusco, a capital histórica do império, e a Vilcabamba, o último refúgio da resistência Inca após a chegada dos espanhóis, ancoram a história em eventos e locais reais da história Inca. A nostalgia de Mamalbuna ( a avó de Moara) por Cusco e a jornada desde Vilcabamba reforçam essa conexão.
Vestimentas e Adornos: As descrições das vestimentas de Moara, Mamalbuna e outros personagens, como as "melhores roupas" usadas na cerimônia do Inti Raymi e os adornos de ouro dos soberanos de Manoa, refletem a importância dos tecidos finos e dos metais preciosos na cultura Inca.
É importante lembrar que a obra é uma ficção histórica, o que significa que o autor tem liberdade para criar e adaptar elementos para servir à sua narrativa. No entanto, a base na rica história e cultura Inca é inegável e contribui significativamente para a ambientação e a identidade da história de Moara.
Ao longo desta série, mergulharemos em deuses específicos, lendas marcantes e símbolos importantes da mitologia sul-americana, mostrando como esses elementos se entrelaçam com as histórias de Kulkucaia e Moara. Preparem-se para descobrir as camadas ocultas e as inspirações por trás dessas aventuras!
"Qual aspecto da cultura inca mais te fascina?" Deixe seu comentário, ou sugestão. Em nosso próximo encontro falaremos sobre Pachamama, a Mãe Terra e sua conexão com Moara, a princesa dos Incas. Até breve. Abraços fraternos.

Veja aqui no Blog também:
Moara, a Princesa dos Incas - Entrevistas do autor sobre o lançamento do livro.- e o Prêmio Book Brasil .
Moara - Leia os primeiros capítulos do livro.
Kulkucaia, a bruxa - Leia os primeiros capítulos do livro.
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É uma viagem incrível! São tantas informações, conteúdo impossível de parar de ler
Sensacional! Esse tema é envolvente e seus livros prometem. Li a ,realmente é eletrizante. Preciso ler os demais. 👏👏👏😱🧡
Amei a matéria, aguardando a continuação. Bjs
Os incas sempre me fascinaram, adoro ler sobre eles. Ganhou uma seguidora de seu blog. Seus livros devem ser muito bons também, preciso conferir isso. Abraço.
Acho que tem muita coisa misteriosa na cultura inca. Gostei muito.