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Sonho

Atualizado: 13 de jul. de 2023

Sonho! Um dos grandes mistérios da humanidade. Viajamos quando sonhamos? Em caso afirmativo, quem viaja? A nossa mente, o nosso espírito, o nosso eu interior? Ou tudo não passa de criações de nossa imaginação, com base em momentos vividos, ou desejos insatisfeitos, inalcançáveis, trancafiados no recôndito mais oculto da nossa alma?

O fato é que todos sonhamos e durante esse curto período, talvez para alguns longos, reencontramos afetos e desafetos, conhecemos seres e lugares diferentes, somos impulsionados a viver outras realidades, às vezes opostas a tudo o que compreendemos.

De minha parte, posso dizer, quantas não foram as ocasiões que sonhei com pessoas há muito distante de meu ciclo social e no dia seguinte, por algum sortilégio, as reencontrei, muitas vezes em lugares dos mais inusitados. Em outras situações a realidade parecera simplesmente imitar essa outra vida, a dos sonhos, quando reencontrei essas pessoas tal qual as visualizara no sonho, incluindo local, roupas e sei lá mais o quê! Maluco, não?

A poesia abaixo foi escrita numa tarde do ano de 1991 e retrata uma mente obsediada por uma paixão impossível que insiste em atormentá-la em seus sonhos. Amor, ódio, paixão. Sublimes e tênues linhas limitam esses sentimentos, muitas vezes confundindo-os, assim como os sonhos e os pesadelos. Bora sonhar comigo.

Abraços fraternos.




Sonho, em vão

o mesmo sonho

no engolfar enfadonho,

nas horas de abandono,

nos momentos, que aturdido,

o seu nome, iludido, chamo.


Por que me invades o desejo

e me torturas de forma atroz,

deturpando minhas resistências

me sufocando, cruel, a voz?


Luto, tentando despertar,

mas o desejo insiste em me agrilhoar

O suor inunde em bicas minha fronte.

Sussurro seu nome, o peito arfante,

sentindo a vida se dissipar.


Esse fantasma na noite sombria…

A fagulha de um ser, a sombra de um nome

lentamente meu ser, ele consome

aterrandoa minha alma na lage fria.


Sonho, de novo, então,

o mesmo sonho

no engolfar enfadonho,

nas horas de abandono.

o mesmo sombrio demônio,

soturno, da solidão.


(Do livro Vidas de Areia.)



 
 
 

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