Sonho
- Alexandre Menphis
- 18 de fev. de 2023
- 2 min de leitura
Atualizado: 13 de jul. de 2023
Sonho! Um dos grandes mistérios da humanidade. Viajamos quando sonhamos? Em caso afirmativo, quem viaja? A nossa mente, o nosso espírito, o nosso eu interior? Ou tudo não passa de criações de nossa imaginação, com base em momentos vividos, ou desejos insatisfeitos, inalcançáveis, trancafiados no recôndito mais oculto da nossa alma?
O fato é que todos sonhamos e durante esse curto período, talvez para alguns longos, reencontramos afetos e desafetos, conhecemos seres e lugares diferentes, somos impulsionados a viver outras realidades, às vezes opostas a tudo o que compreendemos.
De minha parte, posso dizer, quantas não foram as ocasiões que sonhei com pessoas há muito distante de meu ciclo social e no dia seguinte, por algum sortilégio, as reencontrei, muitas vezes em lugares dos mais inusitados. Em outras situações a realidade parecera simplesmente imitar essa outra vida, a dos sonhos, quando reencontrei essas pessoas tal qual as visualizara no sonho, incluindo local, roupas e sei lá mais o quê! Maluco, não?
A poesia abaixo foi escrita numa tarde do ano de 1991 e retrata uma mente obsediada por uma paixão impossível que insiste em atormentá-la em seus sonhos. Amor, ódio, paixão. Sublimes e tênues linhas limitam esses sentimentos, muitas vezes confundindo-os, assim como os sonhos e os pesadelos. Bora sonhar comigo.
Abraços fraternos.

Sonho, em vão
o mesmo sonho
no engolfar enfadonho,
nas horas de abandono,
nos momentos, que aturdido,
o seu nome, iludido, chamo.
Por que me invades o desejo
e me torturas de forma atroz,
deturpando minhas resistências
me sufocando, cruel, a voz?
Luto, tentando despertar,
mas o desejo insiste em me agrilhoar
O suor inunde em bicas minha fronte.
Sussurro seu nome, o peito arfante,
sentindo a vida se dissipar.
Esse fantasma na noite sombria…
A fagulha de um ser, a sombra de um nome
lentamente meu ser, ele consome
aterrandoa minha alma na lage fria.
Sonho, de novo, então,
o mesmo sonho
no engolfar enfadonho,
nas horas de abandono.
o mesmo sombrio demônio,
soturno, da solidão.
(Do livro Vidas de Areia.)
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