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Traição e morte no País dos Capelobos



Olá, meus caros, retornando à análise de alguns trechos do livro A Ninfa e o Príncipe dos Capelobos, o segundo da série O Mundo dos Encantados, escolhemos um trecho do capítulo intitulado: Traição e morte no País dos Capelobos. Para inserção no contexto, trata-se de uma noite tempestiva, na qual desenrola-se um drama inusitado para a família real de Xuclotal, o reino dos Capelobos: o nascimento dos herdeiros.

O Blog Fantástico Mundo selecionou um trecho desse capítulo e fez uma modesta análise. Uma pequena degustação, caro leitor, do que nos espera como ávidos e intrépidos desbravadores do misterioso e fascinante Mundo da Literatura Fantástica.


A imagem então se revelou. Em um leito, uma jovem delirava, os olhos avermelhados. Da testa descia um suor abundante que encharcava parte de seus cabelos vermelhos e desalinhados. Uma anciã encarquilhada, trajada em uma veste escura e um pouco gasta pelo tempo, enxugava constantemente a testa da moribunda. De frente ao leito, uma figura austera acompanhada de um soldado. Era Arishen, o monarca de Xuclotal.

— Procura acalmar-te, mulher. Estou aqui em nome dos laços que nos unem. Reclama de minha ausência, mas se esquece de que deixei minha esposa no palácio, prestes a dar à luz?

— Então é verdade? A hora dela também chegou? Os deuses brincam com nossas vidas quando fazem a esposa e a amásia do rei parirem no mesmo dia. Resta agora saber quem nascerá primeiro, o herdeiro ou o bastardo!

O rei suspirou, impaciente. O soldado ao seu lado baixou a cabeça desconcertado.

— Vá, retorne para ela, mas saiba que desta noite não passarei!

— Não diga besteiras, criatura!

— Consultei os elementos. Minha mãe não lhe disse? A criança dentro de mim consome minha vida, quando ela nascer darei meu último suspiro.

O rei nada disse, seu olhar pareceu concordar com a fala da mulher, embora tentasse disfarçar.

— Atenta, Arishen, ao que lhe rogo em meu leito de morte, pelos bons momentos que desfrutamos juntos, principalmente antes que acolhesse aquela estrangeira de pele branca e a tornasse sua esposa…

— Pois fala, Akaulênya, não posso mais me demorar, sentem minha falta no palácio.

A mulher fez uma cara de deboche. Era nítido que sofria, mas havia cólera em seu olhar.

— Muito bem! Pois me prometa então que reconhecerá nosso filho!

— Mas…

— Quando ele nascer, Malila o levará até o palácio. Ela sabe da entrada secreta, a qual utilizamos tantas vezes para nos encontrar, nas noites em que sua esposa dormia e você se entregava aos meus afagos.

O rei  ameaçou partir, mas conteve-se.

— Prometa que criará nosso filho como o herdeiro de seu nome, Arishen.

Os olhos do monarca pareciam indecisos.

Vejo que não acredita que nosso filho nasça com vida e que um dia suba ao trono de Xuclotal. Pois saiba que vi! Os deuses me mostraram! Não os deuses adorados pelo povo dessa cidade, nem os demônios que minha mãe idolatra, mas os verdadeiros, os antigos deuses de Xuclotal! A mulher calou-se e fechou os olhos. O monarca preocupou-se, mas a anciã que cuidava dela com um aceno de cabeça o tranquilizou.

— Adormeceu, majestade. É a terceira vez que dorme.

— Talvez seja melhor assim, Malila.

( Trecho do livro)



Analisando o Texto:


  • Abertura Impactante:  A descrição da jovem delirando no leito, com os olhos avermelhados e o suor abundante, cria uma imagem forte e imediata na mente do leitor. A presença da anciã e a figura austera do rei Arishen completam o quadro, estabelecendo o tom sombrio e urgente da cena.

  • Diálogo Conflituoso: O diálogo é afiado e revela as complexas relações entre os personagens: o rei dividido entre suas responsabilidades e seus laços passados, a amante moribunda consumida pela dor e pelo ressentimento, e a sombra da esposa no palácio adicionam camadas de tensão.

  • Tensão Crescente: A profecia de Akaulênya sobre sua morte e o pedido de reconhecimento do filho elevam a tensão e criam um senso de urgência. A menção à entrada secreta adiciona um elemento de intriga e sugere um passado íntimo e secreto entre os dois.

  • Indecisão do Rei: A hesitação do rei e a descrição de seus olhos indecisos humanizam o personagem, mostrando que ele está dividido entre suas obrigações e seus sentimentos.

  • Elemento Sobrenatural: A referência aos “verdadeiros, os antigos deuses de Xuclotal” adiciona uma dimensão mística à narrativa, sugerindo forças maiores em jogo e aumentando o mistério em torno da profecia de Akaulênya.

  • Fechamento Eficaz: O fechamento com Akaulênya adormecendo e a fala de Arishen para Malila (“Talvez seja melhor assim”) deixa o leitor com uma sensação de melancolia e incerteza sobre o futuro.

  • Ritmo e Fluidez: A narrativa flui bem, alternando entre a descrição da cena e o diálogo. O ritmo é adequado para a intensidade da situação.

  • Uso da Linguagem: A linguagem utilizada é expressiva e contribui para a atmosfera dramática. Palavras como “encharcava”, “encarquilhada”, “austera”, “moribunda”, “cólera" e "deboche" ajudam a construir o tom da cena.





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                                                         Abraços fraternos.


 
 
 

2 Comments

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Esse capítulo é muito envolvente e revelador, pois trata-se da noite do nascimento dos príncipes, digo com propriedade pois li o livro. O livro é maravilhoso, uma leitura incrível e fascinante! Gostei da análise do texto, nos faz refletir um pouco mais sobre tudo o que está acontecendo. Super recomendo A Ninfa e o Príncipe dos Capelobos!🧡

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Rodrigo
Apr 02
Rated 5 out of 5 stars.

Fiquei super curioso e pretendo ler.

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