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Os Mapinguaris

Atualizado: 20 de set. de 2023

Os Seres de Orokaba - episódio 4


1- As lendas



O mapinguari é descrito pelos povos nativos da Região Amazônica como uma criatura coberta por um longo pelo avermelhado, que vive no interior da mata, habitando os mais longínquos e inacessíveis grotões, evitando os cursos d’água, pois não suporta esse elemento. De pé, o monstro ultrapassa facilmente os dois metros de altura.

Alguns dizem que ele exala um odor fétido que lembra o fedor do gambá. Esse mau cheiro se impregna nas vias nasais de sua vítima, deixando-a desnorteada. O monstro a segue então pela mata até apanhá-la. Em algumas localidades, ele é descrito como uma criatura que possui a boca localizada em seu ventre. Uma bocarra, pois se estenderia do peito até a barriga. A pele seria escamosa e resistente como a do jacaré.

O paleontólogo Florentino Ameghino no fim do século XIX, propôs que a lenda poderia ter sua origem explicada pela presença de um animal pré-histórico que talvez ainda habitasse aquela região, o megatério, ou preguiça-gigante. As preguiças-gigantes viveram no período Pleistoceno (cerca de doze mil anos atrás) e fazem parte da chamada megafauna, termo aplicado aos animais de grande porte que conviveram com o homem num passado remoto.

Há também relatos de testemunhas que teriam descrito o mapinguari como sendo parecido com o pé-grande americano, porém mais peludo.

O mistério permanece. Seria o mapinguari uma criatura sobrenatural ou um primata pré-histórico, parente do pé-grande e do abominável homem das neves do Himalaia? Estaria a teoria da megafauna correta e ele não passaria de uma preguiça de proporções descomunais?

O que podemos dizer é que sem dúvidas, o mapinguari é um dos mais espetaculares e fantásticos monstros do lendário brasileiro e como não poderia deixar de ser, ele também está presente no misterioso mundo de Orokaba.


Seria o mapinguari o avistamento de algum exemplar de preguiça gigante ?


2- Testa de ferro e Pé Ligeiro e os mapinguaris de Orokaba


Na saga O Mundo dos Encantados os mapinguaris estão presentes nas figuras de Testa de ferro e Pé Ligeiro. Esses dois monstros foram criados desde filhotes no misterioso Reino da Colmeia, a terra das ninfas do mel. Presenteados quando filhotes por um terrível feiticeiro à senhora da Colmeia, Testa de Ferro e Pé Ligeiro foram criados como bichos de estimação por Irati, uma das filhas da rainha.

Os bichos são descritos como seres imensos e peludos, bípedes e de força espantosa. Eles conversam com Irati, demonstrando certo raciocínio. Sua aprência assemelha-se a um híbrido de urso e preguiça gigante.

Assustando a todos com sua selvageria, mas não deixando de surpreender por suas atitudes, quase humanas, os irmãos surgem na trama nos convidando a refletir: Quanto pode haver de humano no comportamento das chamadas feras e o quanto de monstruoso, vez ou outra, parece brotar nos corações dos homens, nos fazendo repensar o significado de “humanidade”.


No livro Moara, a princesa dos Incas há um trecho no qual a bruxa Kulkucaia menciona os mapinguaris, numa conversa com o sacerdote inca Amupavac que a havia visitado em sua tapera:


— Peço que me perdoe, senhora…
— Não se preocupe, não sou de guardar rancores.
Um rugido assustador se ouviu nesse momento. O sacerdote estremeceu.
— Não se preocupe, senhor Pavac, é apenas o grito de um mapinguari solitário. Como já falei, aqui estamos seguros. Esta casa é bem construída e há feitiços poderosos que nos protegem ... — Aproximou a carantonha do rosto do sacerdote que sentiu o seu hálito — Os barros usados nestas paredes foram preparados por homens jacarés em noite de lua cheia. Dizem que eles usaram sangue nessa mistura, mas não me pergunte de que ou de quem — e afastando o rosto, soltou uma gargalhada.

Também no livro Kulkucaia a bruxa é mencionada a presença de uma mapinguari-fêmea. Kulkucaia e três amigos havia adentrado uma caverna na procura de uma criança desaparecida, a filha de uma bruxa:


“Eles deram de cara com carcaças de bichos e de gente, algumas quase que só os ossos, outras putrefatas, exalando um odor repugnante.”

“—Estamos no antro de um monstro”, pensou Magoga.”

“Apressaram os passos e o que viram foi espantoso. Deitada sobre um monte de palha ajeitado feito um ninho, uma gigantesca e lanuda criatura de sinistro aspecto. Havia uma coisa pequena e de pele clara acomodada em seus braços, eles perceberam, espantados, ser a criança.”

“ — É a menina, e uma fêmea de mapinguari cuida dela! — espantou-se Kulkucaia.”

"A mapinguari abriu os olhos, parecendo sentir as presenças dos invasores. Dentes pontiagudos ficaram à mostra… A besta peluda, deixando a criança sobre a palha, avançou para cima dos invasores. Ugly, apertando o cabo do machado, a esperou."


No livro A Ninfa e o Príncipe dos Capelobos, o segundo da série O Mundo dos Encantados, (com lançamento previsto para setembro de 2023) os mapinguaris estarão presente, assim como diversas criaturas que povoam Orokaba e o imaginário popular e do autor.

No próximo episóio, falaremos sobre os seres da Colmeia, dando sequência a esta série sobre os Seres de Orokaba, As mulheres-abelhas e os zangões. Aguardo você, caro leitor.

Abraços fraternos e que as bençãos de Pachama e os bons auspícios do Universo te ilumine.






 
 
 

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